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10 obras primas na opinião de Sean Baker que você precisa assistir.

Sean Baker venceu três Oscars com seu filme Anora: edição, roteiro e direção. Ou seja, é o diretor do momento.

Em uma época em que a IA transforma todas as indústrias — criativas ou não — Sean Baker tratoriza a premiação do Oscar com um filme independente, de baixo orçamento (claro, para os padrões norte-americanos e da Academia).


Nesse caso, nada como revisitar as obras que ele acredita serem grandes obras-primas do cinema.

Bora!

1.  Breaking the Waves (1996) [Brasil: Ondas do Destino]

  • Direção/Roteiro: Lars von Trier

  • Elenco: Emily Watson, Stellan Skarsgård

  • País: Dinamarca






Breaking the Waves é um filme poderoso. Emily Watson, em sua estreia no cinema, entrega uma atuação visceral como uma jovem cuja fé e inocência a levam por caminhos tortuosos. Essa performance não apenas lhe rendeu uma indicação ao Oscar, mas também resultou em sua expulsão da School of Economic Science.

Lars von Trier, o diretor e roteirista, revelou que escreveu o roteiro com a intenção de criar uma história repleta de clichês, esperando que ninguém a levasse a sério. Contudo, o público e a crítica responderam de forma oposta, reconhecendo a profundidade e complexidade da narrativa. O filme virou um sucesso de bilheteria, arrecadando mais de 23 milhões de dólares com um orçamento de apenas 7,5 milhões. Nada mal.




 



2. Scenes from a Marriage (1973) [Brasil: Cenas de um Casamento]

  • Direção/Roteiro: Ingmar Bergman

  • Elenco: Liv Ullmann, Erland Josephson

  • País: Suécia






É um filme sobre o que resta quando o amor se desgasta — e mesmo assim continua. Sobre o que se diz quando tudo já foi dito, e ainda assim a presença do outro insiste. Bergman transforma dois corpos em campo de batalha emocional, onde cada movimento é uma colisão, e cada diálogo uma lâmina. Baker prefere a versão em minissérie, a maestria de Bergman elevada à máxima potência. Eu vejo nela o que talvez seja o que mais nos assusta: o reflexo das nossas próprias relações.



 



3. Harold and Maude (1971) [Brasil: Ensina-me a Viver]

  • Direção: Hal Ashby

  • Roteiro: Colin Higgins

  • Elenco: Ruth Gordon, Bud Cort

  • País: EUA





Harold and Maude, dirigido por Hal Ashby e lançado em 1971, é um daqueles filmes que desafiaram as expectativas desde o começo. Na época, a crítica não soube bem como classificá-lo: foi descrito como “um museu de cera perturbador e desagradável, uma comédia excêntrica e de mau gosto” — uma síntese de várias reações negativas publicadas nos anos 70.

Mas o tempo foi generoso com ele. A partir dos anos 1980, Harold and Maude começou a ser redescoberto em cinemas de arte e sessões à meia-noite, e acabou se consolidando como uma das sátiras mais afiadas da era Nova Hollywood.

Hoje, é celebrado por sua mistura inusitada de humor ácido e ternura, e segue inspirando cineastas e públicos que ainda acreditam no poder de uma narrativa fora do padrão.




 


4 . À Nos Amours (1983) [Brasil: Aos Nossos Amores]

  • Direção: Maurice Pialat

  • Roteiro: Arlette Langmann e Maurice Pialat

  • Elenco: Sandrine Bonnaire, Maurice Pialat

  • País: França





À Nos Amours" (ou "To Our Loves" em inglês) é um nome conhecido na França, mas, segundo Sean Baker, deveria ser mais conhecido nos EUA. Conta a história de uma adolescente que tenta compreender sua sexualidade enquanto sua família se desintegra ao seu redor. A atriz Sandrine Boner interpreta Suzanne, e esse foi seu papel de destaque, aos 16 anos. O filme é incrível e não adoça nada, mostrando uma família disfuncional de forma crua e imprevisível. "À Nos Amours" ganhou o prêmio de Melhor Filme no Festival de Cinema de César, mas nunca recebeu o mesmo reconhecimento nos EUA, o que é uma pena, pois é um filme essencial para quem gosta de filmes de coming-of-age que sejam reais. Um filme que começa no corpo e termina no abismo do que é crescer num lar onde o amor se mistura à violência e ao silêncio. Eu vejo o que talvez seja o retrato mais honesto da confusão que é existir num corpo jovem.


 



5. Claire’s Knee (1970) [Brasil: O Joelho de Claire]

  • Direção/Roteiro: Éric Rohmer

  • Elenco: Jean-Claude Brialy, Aurora Cornu

  • País: França






Um filme sobre o quase. O que quase se diz, quase se toca, quase se faz. E ainda assim, tudo pulsa. Rohmer filma as hesitações, os olhares desviados, o que nunca se transforma em ato — e justamente por isso, permanece. É a delicadeza daquilo que nunca se concretiza, mas que molda quem somos.

Claire’s Knee, de Éric Rohmer, engana já no título. Mas se você conhece Rohmer, sabe: não é sobre um joelho. É sobre o que se deseja em silêncio. Sobre o que quase se toca, quase se diz, quase se faz. Um homem prestes a se casar vai passar férias às margens de um lago. Lá, conhece Claire — jovem, misteriosa, e o joelho dela vira símbolo de algo que ele não consegue nomear. Não é fetiche. É conflito interno, indecisão, espelho.

Os filmes de Rohmer não vivem da ação, mas da hesitação. São feitos de conversas à meia-luz, de impulsos que não se cumprem, de pensamentos que quase escapam. Roger Ebert escreveu que Claire’s Knee é para quem ainda lê grandes romances, se importa com bons filmes e pensa neles depois. E é exatamente isso.

Foi esse o filme que apresentou Sean Baker à Nouvelle Vague. Ele o chama de o melhor da série “Contos Morais” de Rohmer. E quando você assiste, entende: tem cinema que vive no que falta. No que não acontece.



 



6. RoboCop – 1987 [Brasil: RoboCop - O Policial do Futuro]

  • Direção: Paul Verhoeven

  • Roteiro: Edward Neumeier, Michael Miner

  • Elenco: Peter Weller, Nancy Allen

  • País: EUA







É sobre um policial meio homem, meio máquina, limpando as ruas de uma Detroit distópica, sim — mas também é sobre a tragédia da humanidade diantedo tecnicismo, da mídia, da máquina, das grandes corporações. Reza a lenda que Verhoeven jogou o roteiro no lixo assim que começou a ler — e foi a esposa dele quem o resgatou, enxergando ali o que ele não tinha visto: sátira, metáforas, alegorias, camadas de crítica social. E ela estava certa. O resultado parece ação escapista e violência pela violência, mas tem uma reflexão afiada em seu subtexto. Baker não tem dúvida: é um dos melhores filmes já feitos — um art house disfarçado de blockbuster, uma distopia onde não há mais espaço para compaixão.



 



7. Secret Sunshine (2007) [Brasil: O Sol Secreto]

  • Direção/Roteiro: Lee Chang-dong

  • Elenco: Jeon Do-yeon, Song Kang-ho

  • País: Coreia do Sul





Secret Sunshine, de Lee Chang-dong, é um daqueles filmes que caminha até o fundo do luto, da fé e da solidão — e permanece lá, sem pressa de sair. Uma viúva tenta recomeçar na cidade natal do marido morto, com esperança de um novo começo. Mas uma nova tragédia implode qualquer possibilidade de estabilidade. A partir daí, o filme mergulha num estado de perda que não tem contorno.

Jeon Do-yeon está absurda. Sua performance atravessa cada estágio da dor — não só a tristeza, mas também a raiva, a negação, o vazio. Ela carrega o tipo de dor que isola: aquela sensação de estar sozinha mesmo rodeada de gente. Ganhou merecidamente o prêmio de Melhor Atriz em Cannes, em 2007. E quando você assiste, entende exatamente por quê.

Sean Baker considera Lee Chang-dong um “mestre vivo”. E diz que a atuação de Jeon é tão poderosa que ele gostaria de saber coreano só pra captar todas as nuances com mais profundidade. E eu entendo. É o tipo de filme que te deixa em ruínas — mas de um jeito que você agradece depois. Se conseguir levantar.



 



8. Rosetta (1999)

  • Direção/Roteiro: Jean-Pierre e Luc Dardenne

  • Elenco: Émilie Dequenne, Fabrizio Rongione

  • País: Bélgica





Rosetta, dos irmãos Dardenne, é um filme que parece filmado com o estômago. Sem trilha, sem grandes estrelas, sem qualquer enfeite. Só urgência. Rosetta é uma adolescente vivendo num trailer com a mãe alcoólatra. Quer sair dali. De qualquer jeito. Vai atrás de qualquer trabalho, qualquer migalha de estabilidade. O corpo dela — e a câmera colada nele — não param. É como se o filme inteiro estivesse correndo, o tempo todo, atrás de um lugar pra existir.

É um drama neorrealista nu, cru, direto. E foi um choque quando venceu a Palma de Ouro em Cannes — não porque não merecesse, mas porque filmes assim quase nunca ganham.

Sean Baker ficou dividido entre Rosetta e La Promesse. Chamou os dois de perfeitos. Mas, no fim, foi a cena final de Rosetta que ficou com ele. E uma cena que fica — que segue viva depois do corte — diz tudo.



 



9. Naked (1993) [Brasil: Nu]

  • Direção/Roteiro: Mike Leigh

  • Elenco: David Thewlis, Lesley Sharp

  • País: Reino Unido





Naked, de Mike Leigh, não é um filme que oferece conforto. É um mergulho na fala, no colapso, na lucidez que beira o delírio. Johnny — vivido com fúria por David Thewlis — anda por Londres como um espectro tagarela: fala como filósofo, age como quem já desistiu. Está em guerra com o mundo e com ele mesmo. Fala demais, destrói tudo. Mas não conseguimos olhar pra outro lugar. Cada pessoa com quem cruza, ele fere ou desmonta. Inclusive a si mesmo.

Leigh não escreve roteiros da forma convencional. Ele constrói os personagens junto aos atores, em improvisações, escutas e ensaios que duram meses. É por isso que seus filmes parecem tão vividos, tão pele com pele com a realidade. Naked foi um divisor de águas: Thewlis saiu do anonimato direto para Cannes, onde ganhou o prêmio de Melhor Ator. Leigh levou o de Melhor Diretor no mesmo festival.

Sean Baker é obcecado por esse filme. Chamou de “uma odisseia exaustiva que nunca leva os personagens — nem o espectador — de volta pra casa”. É o seu favorito do Mike Leigh. E dá pra entender: tem coisa que não precisa ter destino pra deixar marca. Basta existir com força.



 


10. A Constant Forge (2000) [Brasil: A Forja Constante (tradução nossa)]

  • Direção: Charles Kiselyak

  • Elenco (documentário): Gena Rowlands, Peter Falk, John Cassavetes

  • País: EUA





A Constant Forge não é ficção — é o coração de um cinema que insiste em existir à margem das regras. Um mergulho direto no que John Cassavetes fazia, mas principalmente em como ele fazia. Sem linha do tempo, sem “grandes momentos”. O filme se organiza a partir de quem esteve por perto: Gena Rowlands, Peter Falk, Sean Penn. O resultado é bruto, íntimo, atravessado pela memória de quem viveu o gesto, não só a obra.

Cassavetes filmava como quem escuta. Com hesitação, com fé no improviso, com espaço para o erro. E talvez por isso seus filmes continuem vibrando. Pra Sean Baker, isso vai além da admiração: ele diz que a maneira como Cassavetes fazia cinema é tão importante quanto os próprios filmes. Um modo de criar que nasce da entrega, da confiança no que acontece entre os corpos, e não do controle absoluto.

Entre todos os filmes dessa lista, A Constant Forge é o que Baker mais volta a ver. E talvez seja porque ele lembra que o cinema, quando é mesmo cinema, não precisa provar nada.  Obs: Com revisão feita por IA e com referência no vídeo: 10 Films Anora's Sean Baker Wants You to See:


 
 
 

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